quarta-feira, junho 07, 2006

Impressionista

Neblina baixa, o ar que se pega com as mãos. O cabelo salpicado de mínimas gotas d´água. O vulto que aparece do nada. O farol encoberto por um véu. O carro mergulhando na nuvem - seria crise de identidade?

Lá em cima, estrelas preguiçosas, quase embaçadas. A lua só era vista por entre as várias folhas da última árvore. Observava pelas frestas.

O maior luxo que qualquer pessoa poderia querer nessa noite era sair desagasalhada, em pleno sereno. O frio, cortando das narinas até os pulmões, era a prova mais concreta da necessidade que o corpo tinha do ar. O sofrimento era inevitável.

"A linguagem é uma pele: fricciono minha linguagem contra o outro. Como se eu tivesse palavras à guisa de dedos, ou dedos na ponta de minhas palavras." (Roland Barthes)