segunda-feira, novembro 12, 2007

À janela

Não sei o que há. Mas a chuva me enche de tal melancolia que silencio toda. Não é o vento, não é o frio que a acompanha os pingos, não é o molhar-se quando fora de casa. Talvez seja o escorrer pelos muros e telhados. Talvez seja o alto dos eucaliptos escondido por finas névoas. Talvez seja o jogar-se contra o chão sem pressa ou susto. E ver a chuva chovendo das folhas, das flores no jardim, das calhas imperfeitas. O transbordar dos buracos nas ruas escorregadias.

Não sei o que há. Mas chove, e eu toda silencio. Não há lugar para alegria – o que não significa que me tome a tristeza. Há o silêncio, há o branco, há a espera. Talvez seja chovendo que, solitária, encontro-me. Sem o barulho das crianças brincando. Sem o imperioso chamado do céu azul para vida, a vida. Chove, e a vida é úmida, constante, invadindo o seco das tardes. Chove, e a chuva molha mesmo quem dela se protege.

3 Comments:

At 11:02 PM, Blogger r a c h e l said...

gostei disso. hoje o céu azul chamou. e eu fui. estava cansada de não ir.
saudade de te ler.
bj bj

 
At 9:10 PM, Blogger Walmir said...

pois gostei do seu blog, Suzana, do modo simples e doce com que você constrói suas imagens e avança suas reflexões sobre a vida.
Voltarei sempre e vou comentando de pouco em pouco.
Tomei liberdades de linkei-o ao meu: http://walmir.carvalho.zip.net
Dê uma olhada e vê se ficou a gosto.
paz e bom humor

 
At 6:53 AM, Anonymous Anônimo said...

nossa...lindo demais esse texto. O final é perfeito. Gostei muito, parabéns.
abs,
Suzana

 

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"A linguagem é uma pele: fricciono minha linguagem contra o outro. Como se eu tivesse palavras à guisa de dedos, ou dedos na ponta de minhas palavras." (Roland Barthes)