quarta-feira, agosto 16, 2006

Quarta-feira, Agosto 16, 2006

Reunião de manhã, logo às sete. Propostas de avaliação educacional. Até o meio-dia.

Corro pra almoçar no centro da cidade. A tarde é muito azul, e brilha. Faz um calor atípico para esta época do ano. Mas a ausência de chuva faz com que eu sinta saudades da névoa branca e úmida ao redor das árvores. O ar seco grita, quase ferindo.

Corro pra casa. Banho. E corro pro trabalho. Não tanto, porque encontro três ônibus da Transalfa no caminho. E o pior que pode acontecer quando se está atrasada é topar com ônibus da Transalfa no caminho. Os motoristas devem ter feitos curso de tranca-rua. Todos eles. Sem exceção.

Mas chego ao trabalho, dois minutos atrasada. Ao menos não a ponto de comprometer a reunião. Isso mesmo, mais uma reunião. Na sombra da sala, vendo pela vidraça a tarde que brilha. E a tarde que cai.

A reunião acabou, mas o telefone toca. Não, às vezes não se recebem notícias muito boas. E o coração acelera do nada.

Já é quase noite. Sete horas, corro pra sala. Corro, corro, corro. E falo, falo, falo. Minha garganta seca com o ar. Quero água, mas não quero parar de falar. Ô vício.

Toddynho no lanche. Corro pra outra sala. E falo, falo, falo. Turma cheia, meninas e mulheres faladeiras e engraçadas. Falo alto, alto, alto. Bebo água, mas não é suficiente. Só fui embora com o badalar do sino da capela.

Corro, corro, corro. Encontro o namorado. Abraço quente no dia cansado. Das sete da matina às dez e meia da noite, pequena pausa pra almoço. Sem boas notícias. O dia é azul, mas eu queria a chuva.

Meia horinha, corro pra casa. Corro, corro, corro. Já não há mais trânsito, e eu me sinto livre na estrada.

Tem dia em que a gente cansa.

"A linguagem é uma pele: fricciono minha linguagem contra o outro. Como se eu tivesse palavras à guisa de dedos, ou dedos na ponta de minhas palavras." (Roland Barthes)