Mural
Já que ando falando tanto de mar, vou postar aqui um poema do João Cabral de Melo Neto. Eu o utilizei em uma aula, ontem, e agora acho-o mais bonito que às primeiras leituras... De uma beleza sem derramamentos, sem grandes expansões: direta, certa, pontual. Lindo.IMITAÇÃO DA ÁGUA
De flanco sobre o lençol,
paisagem já tão marinha,
a uma onda deitada,
na praia, te parecias.
Uma onda que parava
ou melhor: que se continha;
que contivesse um momento
seu rumor de folhas líquidas.
Uma onda que parava
naquela hora precisa
em que a pálpebra da onda
cai sobre a própria pupila.
Uma onda que parara
ao dobrar-se, interrompida,
que imóvel se interrompesse
no alto de sua crista

e se fizesse montanha
(por ser horizontal e fixa),
mas que ao se fazer montanha
continuasse água ainda.
Uma onda que guardasse
na praia cama, finita,
a natureza sem fim
do mar de que participa,
e em sua imobilidade,
que precária se adivinha,
o dom de se derramar
que as águas faz femininas
mais o clima de águas fundas,
a intimidade sombria
e certo abraçar completo
que dos líquidos copias.
5 Comments:
Adorei sua visita e, mais ainda,poder ler seu blog. Uma surpresa petropolitana...
muito bom!
beijos!
Lindo poema... como surfista amador que sou, a procura de uma onda que me satisfaça, me sinto realizado com tal descrição...aliás e a propósito, muito legal o seu blog, vou indicar para outros.
Olah tudo bem??
gostaria q me explicasse esse poema...tenho um trabalh o pra fazer e n to conseguindo entend-lo...
seu blog tah lindo...e muito útil!
hihihi
bjoooo
qualquer coisa me manda um e-mail
ise_dk@hotmail.com]
bjossss
Oi
Gostaria q vc me explicasse um pouco desse poema também.
Ele é muito abstrato... Preciso da interpretação pra um trabalho!
Valeu!
Meu email: paulodaltro2004@hotmail.com
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