terça-feira, outubro 10, 2006

Mural

Já que ando falando tanto de mar, vou postar aqui um poema do João Cabral de Melo Neto. Eu o utilizei em uma aula, ontem, e agora acho-o mais bonito que às primeiras leituras... De uma beleza sem derramamentos, sem grandes expansões: direta, certa, pontual. Lindo.

IMITAÇÃO DA ÁGUA

De flanco sobre o lençol,

paisagem já tão marinha,
a uma onda deitada,

na praia, te parecias.


Uma onda que parava
ou melhor: que se continh
a;
que contivesse um momento

seu rumor de folhas líquidas.


Uma onda que parava

naquela hora precisa

em que a pálpebra da onda

cai sobre a própria pupila.


Uma onda que parara

ao do
brar-se, interrompida,
que imóvel se interrompesse

no alto de sua crista





e se fizesse montanha
(por ser horizontal e fixa),
mas que ao se fazer
montanha
continu
asse água ainda.



Uma onda que guardasse

na praia cama, finita,

a natureza sem fim

do mar de que participa,


e em sua imobilidade,

que precária se adivinha,

o dom de se derramar

que as águas faz femininas


mais o clima de águas fundas,

a intimidade sombria

e certo abraçar completo

que dos líquidos copias.

5 Comments:

At 9:17 PM, Blogger devaneios said...

Adorei sua visita e, mais ainda,poder ler seu blog. Uma surpresa petropolitana...
muito bom!
beijos!

 
At 11:15 PM, Anonymous Anônimo said...

Lindo poema... como surfista amador que sou, a procura de uma onda que me satisfaça, me sinto realizado com tal descrição...aliás e a propósito, muito legal o seu blog, vou indicar para outros.

 
At 12:16 PM, Anonymous Anônimo said...

Olah tudo bem??
gostaria q me explicasse esse poema...tenho um trabalh o pra fazer e n to conseguindo entend-lo...
seu blog tah lindo...e muito útil!

hihihi

bjoooo
qualquer coisa me manda um e-mail
ise_dk@hotmail.com]


bjossss

 
At 4:09 PM, Blogger Paulo said...

Oi

Gostaria q vc me explicasse um pouco desse poema também.

Ele é muito abstrato... Preciso da interpretação pra um trabalho!

Valeu!

 
At 4:26 PM, Blogger Paulo said...

Meu email: paulodaltro2004@hotmail.com

 

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"A linguagem é uma pele: fricciono minha linguagem contra o outro. Como se eu tivesse palavras à guisa de dedos, ou dedos na ponta de minhas palavras." (Roland Barthes)