terça-feira, outubro 10, 2006

Para o mar


Olhar para o mar: a superfície lisa, na aparência,
o azul-verde que se funde ao do céu
e ao das possíveis montanhas em torno.

Sentir o mar: o frio da onda que bate,
leve ou forte, carinho ou tapa,
a espuma que dança na pele e escorre,
deixando rastro de sal.

Beber o mar: na impossibilidade da imensidão
que se oferece, generosa,
na água que escorre dentro e fora de mim.

Fundir-se ao mar: o mergulho na água,
os olhos abertos, salgando até a visão,
dando ao corpo nova consistência,
novas formas, nova superfície.

Ser o mar: na distante calma aparente,
na agitação de suas ondas - mudança -,
na placidez da superfície
e exitação da areia dançarina,
existir somente no incansável bailar,
em nunca definir se deve ir - ou ficar.

1 Comments:

At 2:52 PM, Blogger Angélica Castilho said...

Lindo! Lindo! Lindo! Você captou o que é ser mar sendo ser humano! Parabéns!

 

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"A linguagem é uma pele: fricciono minha linguagem contra o outro. Como se eu tivesse palavras à guisa de dedos, ou dedos na ponta de minhas palavras." (Roland Barthes)