sexta-feira, março 02, 2007

À espreita

Guarda as palavras do teu silêncio nas noites insones:
o barulho não vale o que sentes sem saber.
Nenhum de teus gritos dá a medida que desconheces,
a medida de ti, das horas, dos quilômetros além de teu alcance.
Guarda o teu silêncio da madrugada e seu profundo significado.
Descobre-te sem sentido quando a ordem parece intacta.
Guarda as palavras sem sussurros dos olhos abertos:
o sangue que pulsa é teu momento eterno.
Guarda tuas noites nas palavras esparsas.
Encontra-te na vigília.
Vigia-te os sentidos para que nada te escape.
Escapa da tua lógica crua e sufocante.
Sufoca o teu gemido de indagação.
Indaga-te sem aguardar resposta.
Não esperes que a manhã chegue para imprimir no silêncio branco
os longos cinco minutos de espanto e sentido.

2 Comments:

At 8:04 PM, Blogger Nelson said...

Não é a primeira vez que venho aqui e encontro palavras que me soam como se encomendadas por mim, deve acontecer com todos que buscam constantes respostas e justificaticas. Longos cinco minutos foram esses. Misto de sensações estranhas.

 
At 11:26 PM, Blogger r a c h e l said...

ai que lindo. lindo. lindo.

 

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"A linguagem é uma pele: fricciono minha linguagem contra o outro. Como se eu tivesse palavras à guisa de dedos, ou dedos na ponta de minhas palavras." (Roland Barthes)