Cenas de Junho: Clariceana

Não era difícil. Ela viu as flores, e surgiu a tentação. Buquê de rosas quase fechadas, submissas. Porém, mais abaixo, as flores do campo, de um colorido quase artificial, encontraram seu olhar. E aí foi irresistível: aquelas flores já eram dela, desde o primeiro momento. A combinação de cores deixava-a tonta, assim como o seu perfume - um perfume simples, simples como as próprias flores, na sua humilde altivez de flor do campo. As flores eram dela. Imitando-as, imitando sua orgulhosa simplicidade, ela saiu com as flores embrulhadas no mais discreto papel, abraçando o buquê como quem abraça um filho, sentindo-se, pela primeira vez, a mulher ancestral e visceral que ela era, e que o duro asfalto da cidade encobrira por tanto tempo.
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