terça-feira, outubro 10, 2006

Eu, marítima

Não consigo disfarçar a ansiedade que toma conta de mim... Sim, está vindo o feriadão, está vindo a praia... Ou melhor: eu estou indo até ela.

Já busquei em minha genealogia qualquer traço de mineirice que fosse responsável pela imensa vontade de mar que sempre se fez presente. Não a encontrei. Ao que me consta, descendo quase que somente dos tais colonos alemães que chegaram a Petrópolis em 29 de junho de não sei qual ano, mas tenho também um tracinho de sangue lusitano. Talvez seja isso: Portugal - o mar, a partida, a saudade (inesquecíveis aulas de Literatura Portuguesa!). Talvez seja porque estou no caminho das Minas, quem sabe? O Caminho Novo, é bom dizer. Talvez seja mesmo por causa disso: estou no meio do caminho, quase à beirada da serra, com o mar do Rio de Janeiro já visível da montanha. Só que o mar, o mar dos mergulhos, o mar do encontro (meu encontro com o mar, meu encontro comigo mesma), o mar do sal secando na pele, repuxando-a, parece de outra dimensão, de um mundo ao qual não pertenço, ou, talvez, de um mundo do qual fui tirada. Sou do mar ou da montanha? Dos dois? Será que eles são conciliáveis?

O fato é que está chegando a temporada do sol, dos anúncios do verão, ainda que meus olhos só enxerguem neblina, e o limpador do vidro do carro nunca tenha descanso: só faz garoar. Minha pele precisa do sol, meu pulmão precisa do ar mais quente - leve? Preciso me sentir ao sol, preciso me sentir ao sal. Preciso do contato com a areia - nada mais lúdico.

E, abrindo a temporada, vamos à praia. Não, eu não consigo disfarçar a ansiedade. Amanhã será um dia corrido e, embora faça frio, eu vou ter que procurar nos fundos de prateleiras todos os protetores solares. Na quinta-feira, estrada pela manhã: quero ainda mergulhar à tarde. Renovar-me-ei? Sim, e farei felizes os supostos genes mineiros.

O triste é que a previsão do tempo não é das melhores... Diz que já chove a partir de sexta à tarde. Por isso, vou aproveitar tudo o que puder e o que não puder logo na quinta... E, claro, rezando pra que o tempo não seja tão rigoroso.

De toda forma, ainda que chova, ainda que vente, ainda que faça algum frio, lá estarei eu - eu e o mar, depois de longa espera. Com direito a areia, mergulho, máscara, snorkel, passeio de barco: eu, marítima. Se essa é a tendência atual da moda, por que não ser a de uma vida inteira?

5 Comments:

At 5:05 AM, Blogger [m_] said...

Gostei muito desse seu canto...

O post "Ele e ela: breve história de repetições" me tocou de forma especial.

Fico muito impressionada com essa coisa de viver me envolvendo em repetições, mesmo querendo mudar rumos e cenários.

Bom te ler!

:)

Beijos!

 
At 12:03 PM, Blogger devaneios said...

ainda que chova, nada como sentir a brisa, a maresia...
pena maior é saber que eu trabalho na sexta. vou curtir os afilhados!
:)
beijos e bom feriado.

 
At 10:43 PM, Anonymous Anônimo said...

O mar, uma colega certa vez me pediu que associasse uma palavra a ele. TUDO!, eu disse. O mar é tudo, mexe com todos os sentidos e os sentires.
Pra mim Deus estava com mania de grandeza quando o fez!

 
At 11:51 PM, Blogger Segunda Pele said...

Gostei daqui!!!

e quanto ao mar... a paz que ele proporciona dispensa comentários!

Beijos

 
At 2:38 PM, Blogger Angélica Castilho said...

Será que, tal qual a amiga que vos fala e a amiga Érica, você é filha de Iemanjá? Se for - e faço votos, porque é uma Mãe boníssima!, bem-vinda ao clube aquático e belo que é o mar!

 

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"A linguagem é uma pele: fricciono minha linguagem contra o outro. Como se eu tivesse palavras à guisa de dedos, ou dedos na ponta de minhas palavras." (Roland Barthes)