sexta-feira, abril 18, 2008

De profundis

Fixava os círculos concêntricos que surgiam e desapareciam, rapidamente, na superfície turva do lago - efêmeras cicatrizes deixadas pelas pedras. Buscava olhar o céu, as nuvens, mas a água estava lá: mergulho em si mesmo. Um inseto pousou na lâmina-d´água, imóvel. O improvável equilíbrio, e ele prestes a deslizar, chocando-se contra a superfície dura do mundo à sua volta. A falsa segurança da superfície da água: ondeou-se o espelho escuro do céu nublado, voou o inseto. Depois, silêncio. Apenas alguns círculos concêntricos às primeiras gotas de chuva.

2 Comments:

At 12:38 PM, Blogger Walmir said...

POIS O VELHO PALESTINA QUE TAMBÉM ANDAVA SOBRE AS ÁGUAS SERÁ QUE DEIXAVA UMAS MARCAZINHAS, UNS CIRCULOS?
iNSETOS E DEUSES SÃO MUITO MISTERIOSOS.
PESSOAS TAMBÉM.
PAZ E BOM HUMOR.
SEMPRE
Walmir
http://walmir.carvalho.zip.net

 
At 5:49 PM, Blogger r a c h e l said...

Bonito isso, viu?

 

Postar um comentário

<< Home

"A linguagem é uma pele: fricciono minha linguagem contra o outro. Como se eu tivesse palavras à guisa de dedos, ou dedos na ponta de minhas palavras." (Roland Barthes)