sexta-feira, junho 30, 2006

Querido diário

Por vezes, tenho uma leve tentação de fazer deste blog um diário. Já me disseram, na verdade, que ele pode não passar disso: um diário. Já tive diários em tempos idos: quando era criança, com páginas coloridas, e, da adolescência até o iniciozinho da "adultice" - se é que já poderia me considerar adulta -, fiz das minhas agendas lugar de relatos minuciosos de como eram meus dias.

A minha maior tentação, porém, não é voltar a relatar meus dias, mas voltar a fazer a "decoração do diário": coleta de poesias, frases de efeito, frases bonitas, frases marcantes, frases criativas - pequenos textos, enfim. Essa é a grande tentação. Tanto já foi escrito, como ignorar tudo isso? - é o que perguntam meus olhos e meu coração. Cá está o espaço em branco, que simula a folha de papel: como preenchê-lo? Não, eu não sou maior que tudo isso. (E cá estou eu a citar, ainda que tortamente...)

Entre verdades, mentiras, citações e anotações, encontro-me.

É impossível resistir à tentação.

"A linguagem é uma pele: fricciono minha linguagem contra o outro. Como se eu tivesse palavras à guisa de dedos, ou dedos na ponta de minhas palavras." (Roland Barthes)