terça-feira, janeiro 09, 2007

Sensorial

Suspiro o luar tardio da noite de verão.
Pesam-me os olhos, mas meu peito não silencia.
Há um perfume antigo nos meus cabelos.
Sorrio para os livros na estante.
Deslizo meu olhar fugidio sobre as fotos coloridas e felizes.
Toco palavras escritas já há tanto tempo.
No rádio, a mesma canção das madrugadas anônimas.
Corre entre as pedras a água do temporal.
Tudo o que é humano silencia, mas eu vigio e guardo, calada.
Tudo o que é humano parece estranho à madrugada.
Procuro nas horas que virão o calor dos momentos sem palavras,
dos momentos como agora:
em que tudo é vã tentativa
de fazer sentido
quando só o que nos resta
é sentir.

2 Comments:

At 12:14 AM, Blogger Nelson said...

Vc realmente está numa fase privilegiada, sensorial, literária e fotograficamente falando,

Do not take it for granted !!!!

 
At 3:53 PM, Anonymous Anônimo said...

:)

 

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"A linguagem é uma pele: fricciono minha linguagem contra o outro. Como se eu tivesse palavras à guisa de dedos, ou dedos na ponta de minhas palavras." (Roland Barthes)