terça-feira, setembro 05, 2006

Mural

A SURPRESA
Clarice Lispector


Olhar-se ao espelho e dizer-se deslumbrada: Como sou misteriosa. Sou tão delicada e forte. E a curva dos lábios manteve a inocência.

Não há homem ou mulher que por acaso não se tenha olhado ao espelho e se surpreendido consigo próprio. Por uma fração de segundo a gente se vê como um ojeto a ser olhado. A isto se chamaria talvez de narcisismo, mas eu chamaria de: alegria de ser. Alegria de encontrar na figura exterior os ecos da figura interna: ah, então é verdade que eu não me imaginei, eu existo.

(Pablo Picasso. Mulher no espelho.)


3 Comments:

At 2:15 PM, Anonymous Anônimo said...

Lembro-me de ter lido isto recentemente... É de Laços de Família (por que sempre que tento lembrar do nome deste livro penso em Páginas da Vida? Esse Manoel Carlos...) ou de Uma Aprendizagem (sim, finalmente reencontrei o volume que tinha e finalmente recomecei a ler e finalmente estou conseguindo acompanhar a narrativa e finalmente ela está fazendo algum sentido, não, algum não, todo o sentido do mundo!)?

 
At 1:06 PM, Blogger Suzana said...

Esse trecho eu peguei em "A descoberta do mundo", mas é bem possível que ele esteja também em "Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres" - esse romance tem vários trechos publicados como crônicas ou o contrário... Isso foi assunto até de dissertação de mestrado!

 
At 2:13 AM, Blogger r a c h e l said...

eu amo clarice.
tô vendo que a gente tem váaaarias coisas em comum, hã?
.
.
.
quando for me visitar, deixa rastro, tá? eu gosto. : ]

 

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"A linguagem é uma pele: fricciono minha linguagem contra o outro. Como se eu tivesse palavras à guisa de dedos, ou dedos na ponta de minhas palavras." (Roland Barthes)