quarta-feira, dezembro 13, 2006

Dizendo

As palavras
Escorrem de minhas mãos
Escorregam pelos meus dedos
Deixando-me apenas a vaga impressão
De água fria em pele morna
Caindo
Pingando
Juntando-se
Unindo-se ao caudaloso rio
Em que já não há mais um só sentido
E correm todas as idéias
Profusas, arrebatadoras,
Em direção ao pleno abismo
Em que elas, tácteis,
Chovem em realidade, inapreensíveis.

4 Comments:

At 1:56 PM, Blogger Fábio Vanzo said...

"Lutar com palavras é a luta mais vã".

 
At 10:52 PM, Blogger Nelson said...

E essas (palavras) que não lhe fogem, me trazem pra onde o sensitivo se torna real. Estariam mesmo elas fugindo ?

 
At 8:09 PM, Blogger Carol Emboava said...

Minhas palavras também fogem, escorrem pelas mãos... misturam-se ao todo como as lágrimas misturam-se a água que cai no chuveiro...

 
At 7:01 PM, Blogger r a c h e l said...

ai que lindo!!! queria depois trocar umas idéias com você... tem msn?
beijo!
parabéns, tá de tirar o fôlego. :)

 

Postar um comentário

<< Home

"A linguagem é uma pele: fricciono minha linguagem contra o outro. Como se eu tivesse palavras à guisa de dedos, ou dedos na ponta de minhas palavras." (Roland Barthes)