quinta-feira, dezembro 21, 2006

Eis que surge

As pratas, os tesouros,
Os vindouros cheiros de mar,
Gosto de água na boca,
Invernos que hão de chegar -
Ou que já passaram,
Em sua própria neblina esquecidos.
Tudo se encontra no texto
Que teço, que sinto, que sonho,
Que existe sem acontecer.
Tacitamente aceito
Caminhos que me convêm,
Criados agora ou ontem,
Trilhas que ora se mostram,
Ora se apagam, sem prévio aviso.
Apenas flutuo - ou afundo,
Nas luzes que o escuro destaca,
Sentindo o cheiro de grama
Que penetra as cortinas fechadas.
E as noites de sons inaudíveis
Repletas de plenas palavras
Que existem sem acontecer
Povoam o duro silêncio
Do poema que há de nascer.

1 Comments:

At 9:50 PM, Blogger Nelson said...

E eis que volto aqui pra ter minha noite brindada com sútis palavras e minha mente transportada mais uma vez.

 

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"A linguagem é uma pele: fricciono minha linguagem contra o outro. Como se eu tivesse palavras à guisa de dedos, ou dedos na ponta de minhas palavras." (Roland Barthes)