segunda-feira, março 12, 2007

Coffee Break

Enquanto as pessoas se apressavam nas calçadas largas, ele tinha o mesmo olhar parado, cruzando o obstáculo das pernas que se cruzavam. De longe a cidade viva pareceria sonolenta - tão sonolenta quanto ele, de mão estendida, em concha. Os sons começavam a se fazer distantes quando sentia o choque frio do metal em sua palma. O desenho da moeda não era muito animador. Ainda assim, levantou-se, empertigado, com algo de renovado. Entrou na padaria e pediu, com alguma empáfia, um café - era o que dava. Quando a menina que vendia balas encostou levemente na camisa do taxista suado, ele pensou que não se podia nem mesmo tomar um café sossegado sem que as pessoas lá fora esfregassem em sua cara a realidade cheia de imperfeições.

2 Comments:

At 9:24 AM, Anonymous Anônimo said...

E não são as imperfeições que tornam a realidade... perfeita?

 
At 6:51 PM, Blogger caeiro said...

tu expos uma carga tão grande de tédio e cansaço no personagem(?) nesse texto, que deu mesmo pra sentir seu embaraço diante da inutilidade da fuga. muito bacana.

 

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"A linguagem é uma pele: fricciono minha linguagem contra o outro. Como se eu tivesse palavras à guisa de dedos, ou dedos na ponta de minhas palavras." (Roland Barthes)