sábado, março 29, 2008

Mural

Mural. De novo. É madrugada, e preparo aula. Sem tempo para pensamentos. Portanto, alheias palavras.

Este é de Vivian Kogut.

POEMA

Com a primavera tirada dos teus dedos
teci no estuque uma casa ventilada
a grama funda que farfalha na minha pele
reveste os muros e sombreia a nossa entrada.
Do vento morno desprendo grãos de fruta
que me recobrem os gestos
e o corpo aberto pela luz da clarabóia.
No silêncio que atravessa treliça e teto
deito repleta de raspas de incenso
e respiro o cedro de tuas mãos estendidas
na cama.


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Prometo que um dia eu volto.

"A linguagem é uma pele: fricciono minha linguagem contra o outro. Como se eu tivesse palavras à guisa de dedos, ou dedos na ponta de minhas palavras." (Roland Barthes)